“Menina de 14 anos ganha um dia de princesa com direito a aulas de etiqueta e roupas de estilista. Junto com a ONG que ajuda Edilene, Gugu consegue mobilizar grande doação de cabelos para confecção de perucas para vítimas de escalpelamento.” (site do r7)
Fique estarrecida com uma matéria no Programa do Gugu da Rede Record na tarde deste domingo. A matéria tratava das escalpeladas na região amazônica que ganharam uma ONG através do referido programa, de doações de cabelos, bla, bla, bla... Até ai tudo bem, poderíamos olhar pela ótica da “solidariedade”. Porém, o foco na adolescente Edilene, de quatorze, que veio do Pará para São Paulo carregando consigo o sonho de ter uma peruca que não a incomodasse foi extremamente deturpado! O locutor da matéria chegou ao ponto de falar “conhece aquele ditado: quem nunca comeu melado quando come se lambuza?” ao mostrar a cena da adolescente pulando na cama de tanta felicidade...
Para quem pensa que isso é um absurdo, ainda tem mais, não acreditei quando vi as aulas de etiqueta para “aprender alguns costumes da cidade grande” - São Paulo - essas foram as palavras usadas. A matéria teve continuidade com a garota escolhendo jóias, indo fazer um vestido com uma estilista renomada... Pensei então, essa não é a realidade dessa adolescente que vive em região onde os habitantes sobrevivem da pesca! Essa adolescente está em contato com outra realidade muito diferente da dela.
A menina chegou ao programa em uma Limousine, com as observações do Gugu: “Nossa! Parece uma princesa de verdade”, “Olha o designer do sapato dela”, “Essa não é a mesma Edilene que eu conheci lá em Belém, não”. Poxa, isso seria até engraçado se não fosse nojento, pois, distorcer um sonho de uma pessoa, ridicularizar para ter ibope e pousar de “bonzinho” é o tipo de coisas que não temos mais que aceitar, está é uma situação esdrúxula que nós, do norte e nordeste, temos que ficar atento para não “ser a próxima vitima”.
Até quando vamos aceitar ser ridicularizadas (os)?
Jacqueline Lemos
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